Confira dicas para planejar melhor seu orçamento e o da sua família e começar o ano de 2018 com as contas em dia e livre das dívidas.

No último trimestre de cada ano, todas as empresas planejam as grandes despesas e investimentos para o ano seguinte. Esse planejamento é realizado para tentar evitar faltas de caixa que normalmente são penalizadas com empréstimos a juros elevados. Você provavelmente já participa direta ou indiretamente desse processo corporativo, mas na maioria das vezes esquece que essa atitude se replicada para o orçamento familiar traz enormes benefícios.

Sua lista de compras
Pense no orçamento familiar como a lista de compras que deve ser feita antes de ir ao supermercado. Caso não faça a lista de compras antes, provavelmente vai comprar mais do que o necessário de alguns itens, outros serão esquecidos e para piorar artigos supérfluos serão adquiridos por impulso.

A previsão do orçamento familiar é mais simples que a corporativa. O maior benefício está relacionado a evitar gastos desnecessários e fazer com que em vez de terminar os meses com dívidas, consiga investir para momentos de emergência e para a aposentadoria. Quanto mais detalhado for o orçamento, melhor. Muitas vezes são as pequenas despesas que mais penalizam. Como dizia Benjamin Franklin: “um pequeno buraco afunda um grande navio”.

Seu objetivo é avaliar as despesas listadas na figura abaixo. Inicie estimando a receita mensal da família. Assim, poderá calcular os percentuais dos gastos sobre essa renda. Lembre-se de considerar os ganhos de décimo terceiro e adicional de férias, caso seja funcionário de uma empresa. Ao final do levantamento, é esperado que os percentuais estejam abaixo dos identificados na figura.

Os itens cujos gastos estejam com percentuais acima do desejado devem ser reavaliados detalhadamente para uma rápida readequação sob o risco de comprometerem as finanças de sua família. O percentual atribuído aos investimentos é o valor que sobra depois da consideração de todas as despesas. Portanto, ao contrário dos outros, esse é o percentual mínimo e não o máximo a ser alocado de sua renda.

Assim como em uma empresa, o ideal é preencher as despesas mês a mês, pois em alguns meses do ano há uma concentração de gastos e você precisa se prevenir para esses meses com gastos adicionais. No início do ano, há uma elevação de gastos com a educação dos filhos e impostos do automóvel e residencial. No mês de férias, haverá um acréscimo da linha de lazer, mas outras possivelmente podem cair como a de transporte e gastos domiciliares.

Se tem imóvel próprio deve investir o custo oportunidade do aluguel
O custo habitacional em geral é a maior despesa familiar. O segmento de habitação inclui além do aluguel ou despesa de financiamento do imóvel, o condomínio, os gastos com concessionárias de serviços públicos (água, luz, internet, TV, …), eletrodomésticos, manutenção e outros.

A média mensal do total dessas despesas não deveria ultrapassar 30% da sua renda média mensal. Caso essa despesa esteja acima, a resposta não está em comprar um imóvel. Você provavelmente reside em um local acima do permitido pela sua renda. Procure imóveis em bairros vizinhos que estejam com valores de aluguel dentro de seu orçamento.

Se você já possui um imóvel quitado, deve alocar o valor equivalente ao aluguel para a conta de investimento. Assim, a conta de investimento se eleva para recompor o valor que provavelmente foi retirado dela para dar entrada no apartamento no passado.

Analise a adequação dos gastos de internet, TV e celular. Uma simples ligação para a operadora do serviço pode render um bom desconto.

Alimentação
A despesa de alimentação não deve ultrapassar 15% da renda média. Para adequar esses gastos, você pode mudar alguns poucos hábitos: reduzir as refeições fora de casa, evitar ir à feira antes de 11:00 horas, somente ir ao supermercado com uma lista de compras e avaliar a troca de proteínas entre gado, frango e peixe segundo os preços, pois as carnes tendem a pesar no orçamento.

Você não precisa de um carro
Avalie a necessidade de possuir um carro. O simples fato de possuir um carro, gera uma despesa de cerca de 3% do valor do automóvel. Em um momento de maior dificuldade, esse é um bem de consumo que pode ser vendido para fazer frente a despesas.

Saúde e educação
Com saúde e educação é preciso ter muito cuidado na realização de cortes do orçamento. Os dois são melhor encarados como investimento e não como despesa. Entretanto, é possível economizar com saúde adotando hábitos mais saudáveis, como dormir cedo e exercícios. Assim, a prevenção é uma das melhores formas de se reduzir despesas com remédios e tratamentos.

Para reduzir o investimento em educação, busque as oportunidades gratuitas de educação na internet. Há vários cursos gratuitos online de renomadas universidades que permitem sua reciclagem, e ela é bastante importante para conseguir promoções no trabalho. Por exemplo, os sites Coursera e EDX oferecem cursos sem custos de reconhecidas universidades pelo mundo.

Adicionalmente, conscientize seus filhos a estudar mais pode evitar gastos com professores particulares e com repetição de ano. Você também pode aproveitar a evolução tecnológica para economizar no material escolar das crianças, pois essa é uma relevante despesa no início do ano. Utilize os aplicativos de celular para trocar os livros das crianças ou encontrar coleguinhas que estejam dispostos a doar o material do ano anterior.

Lazer, cuidados pessoais e outros
O lazer é bastante importante para melhorar e se atualizar culturalmente. Vários programas oferecem descontos para grupos de pessoas. Aproveite a facilidade de comunicação pelos aplicativos de celular e junte os amigos para ir aos eventos.

O futuro está próximo
As economias acima permitirão elevar o percentual de investimentos. Esse percentual deve ser no mínimo de 10% de sua renda média mensal. Lembre-se que a maior despesa de sua vida ocorrerá no futuro e se chama aposentadoria. Você deve começar a preparação para esse gasto o mais cedo possível. Além dessa função, o investimento é a reserva necessária para fazer frente aos imprevistos.

Dívida
Se não realizou seu orçamento familiar no final do ano passado e está terminando 2017 com dívidas, seu esforço em planejar o orçamento deve ser redobrado. Assim, você pode ter como meta terminar 2018 sem dívidas.

O IBGE divulga um relatório chamado POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) no qual realiza uma pesquisa sobre os hábitos de consumo do brasileiro. A última pesquisa foi no período entre 2008 e 2009. Naquele período, a economia estava em situação mais favorável, mas mesmo assim, 75% das famílias brasileiras entrevistadas declararam dificuldade em fechar as contas. No momento atual, em que a economia parece sair de uma recessão, mais importante ainda é a realização de um orçamento detalhado para se prevenir do descontrole financeiro. Tenho certeza que seguindo essas dicas, as simpatias de final de ano serão desnecessárias.

Fonte: Gazeta do Povo