Problema comum em boa parte das residências, infiltração pode causar danos à edificação e comprometer a saúde dos moradores
Umidade tem diversas origens, desde a passagem pelas fundações para o piso, até a respiração dentro do imóvel. Bigstock
Manchas na parede, bolhas na pintura, reboco esfarelando e pontos de bolor. Tais problemas, conhecidos por boa parte dos moradores que convivem com a umidade em seus imóveis, podem se agravar com a chegada dos dias mais frios e demandam atenção devido aos danos que podem causar à edificação e à saúde dos usuários – que vão de questões estéticas a problemas respiratórios.
O primeiro passo para solucionar o problema é identificar a causa da umidade. A arquiteta Juliana Lahóz explica que ela pode resultar de infiltrações na cobertura, calhas ou peitoril das janelas, por exemplo, assim como de vazamentos hidráulicos.
Em casas térreas, a causa mais comum refere-se à umidade por capilaridade, ou seja, a que sobe do solo pelas paredes do imóvel devido à falta ou à falha na execução da impermeabilização das fundações.
Já os apartamentos, principalmente os de andares mais altos, “sofrem” mais com a umidade por condensação. O engenheiro civil e professor da UTFPR, Adalberto Matoski, conta que ela resulta do próprio uso do imóvel – como dos vapores expelidos durante o banho, o cozimento de alimentos e a própria respiração – e nem sempre é visível, a não ser nos casos em que gera manchas de bolor. “Há, também, a umidade originada pelos respingos da chuva, que passa de fora para dentro da parede”, acrescenta Leandro Luiz Prestes do Rosário, consultor técnico da Impermix.
Solução
Assim como as causas, as soluções para conter a umidade também são diversas. Nos casos de condensação, vale desde manter os ambientes ventilados até pintar com tinta antimofo as paredes nas quais serão encostados móveis, antes mesmo do aparecimento do bolor, como ensina Cassiano Garcia, o sócio-diretor da Construtora Monreal.
Nos casos de infiltração “de rodapé” (por capilaridade), geralmente é preciso remover todo o reboco até a alvenaria, aplicar três demãos cruzadas de argamassa polimérica e refazer o chapisco e o reboco. “Depois de aplicado o reboco, é preciso esperar 28 dias (tempo de cura) para dar o acabamento. Se ele for aplicado antes disso, pode ocorrer a formação de bolhas”, ensina Rosário.
Quando a infiltração está na parede que faz divisa com o muro do terreno vizinho – principalmente quando o nível deste é mais alto – Juliana explica que uma solução é isolá-la e recobri-la com uma segunda parede. O isolamento é feito com a aplicação de manta asfáltica ou com outros impermeabilizantes líquidos, de acordo com a gravidade do problema, sobre a qual é instalada uma lona plástica. “Então, constrói-se uma segunda parede, de drywall. Com isso, perde-se cerca de 5 cm do cômodo, mas se isola a umidade”, pontua.
Os especialistas alertam que, para todos os casos, são necessários a avaliação e o acompanhamento de um profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro), que tem o conhecimento técnico para indicar a melhor solução, e sua correta execução, de acordo com a gravidade do problema.
Isopor
Muitos tutoriais e blogs na internet apontam o isopor como um aliado para conter a umidade, servindo, inclusive, como alternativa de revestimento para a parede. A arquiteta Juliana Lahóz explica que ele pode ajudar a prevenir a passagem da umidade para armários – por meio da instalação de placas entre o fundo dos móveis e a parede –, mas que ele não é uma solução para problemas de infiltração já existentes.
Prevenção da umidade deve estar presente no projeto
O mercado da construção civil oferece produtos e soluções que podem resolver ou minimizar os problemas da umidade em imóveis já construídos. Os especialistas alertam, no entanto, que a preocupação com a umidade desde a fase de projeto ainda é a melhor forma de prevenir o surgimento de problemas, e também de economizar.
Segundo Leandro Luiz Prestes do Rosário, consultor técnico da Impermix, os custos com a impermeabilização são entre 5% e 10% do que é necessário para corrigir os danos.
Na fase de fundação, é importante que seja realizado o seu isolamento em relação à alvenaria da construção, como explica a arquiteta Juliana Lahóz. “Este isolamento varia muito de acordo com o tipo de solo sobre o qual se está construindo”, acrescenta.
Cassiano Garcia, sócio-diretor da Construtora Monreal, ensina que o tipo de solo também interfere na necessidade, ou não, da instalação de um sistema de drenagem em torno do lote e/ou da construção. Ele atua acelerando o processo de escoamento da água, fazendo com que ela não empoce e que o solo não sature, o que contribui para a redução da umidade.
Ainda segundo Garcia, é na fase de projeto que o profissional irá levar em consideração questões relacionadas à ventilação cruzada dos ambientes e à distribuição da planta de acordo com a incidência solar, priorizando a face norte para os quartos e o lado sul para as áreas de serviço, o que também contribui para a redução da umidade.
Manutenção
Mesmo com todas estas medidas, o proprietário não pode se descuidar e deve realizar em dia os reparos referentes à pintura e à manutenção do imóvel, como lembra Adalberto Matoski, engenheiro civil e professor da UTFPR. De acordo com ele, a pintura – interna e externa – deve ser realizada a cada cinco anos, em média, salvo nos casos em que o fabricante recomende outro período.
Fonte: Gazeta do Povo