O verão traz uma preocupação a mais para os condomínios: sendo a época mais
chuvosa do ano, síndicos e administradores precisam se dedicar a não permitir
que áreas do conjunto com água parada se transformem em criadouros do mosquito
aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya.
Agora, também se estuda a relação entre o mosquito e a microcefalia detectada em
bebês.

Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que até a
primeira semana de dezembro de 2015 foram notificados 1.587.080 casos de dengue
no País. O aumento foi identificado em todas as regiões e aponta também para o
crescimento da população de aedes em todo o território nacional.

Para evitar que o condomínio contribua para a proliferação do mosquito, a
síndica Rosana Nichio, de 52 anos, promove vistorias diárias nas áreas comuns do
condomínio residencial de 24 unidades localizado na zona norte da capital
paulista.

“Diariamente o zelador e o auxiliar de limpeza examinam todas os locais do
conjunto para detectar áreas que possam estar com acúmulo de água. Não tivemos
casos da doença em nosso condomínio e nem queremos ter”, diz a síndica.

Entre as ações, Rosana mantém o reservatório de água da chuva com cloro e
reforça a atenção aos brinquedos do playground. Segundo ela, algumas partes do
escorregador, por exemplo, podem se transformar em “pocinhas” e por isso, à
noite, os brinquedos são virados de ponta cabeça para evitar acúmulo do líquido.

Outra área que precisa de atenção redobrada, de acordo com Rosana, é a do
entorno da piscina. “As espreguiçadeiras são retiradas ao final do dia, porque
elas têm cavidades que também podem acumular água.”

Interesse comum. Paralelamente, Rosana faz ações de conscientização com
funcionários e envia circulares para os moradores informando a respeito da
necessidade de haver prevenção. “Precisamos alertar principalmente a respeito
das sacadas e das plantas.”

Rosana acrescenta: “O comunicados também são entregues para os funcionários e,
assim, todos se tornam multiplicadores da importância de combater o mosquito”.

Para que os moradores não coloquem água nos pratinhos que servem de suporte a
vasos de plantas, a síndica oferece areia para os residentes, além de ainda
orientar: a limpeza desses recipientes “deve ser feita com escova”.

Ao mesmo tempo, Rosana envia e-mail aos proprietários das unidades vazias para
que redobrem a atenção com a limpeza da sacada. “As canaletas de alumínio, por
onde correm as folhas das janelas e portas devem ser vistoriadas, pois são
depósitos de água. É preciso verificar”, afirma.

Embora esteja agindo em seu condomínio, Rosana acredita que as ações não podem
ser isoladas, tanto que está tentando engajar a vizinhança num movimento contra
o mosquito. Este é o motivo de estar fazendo contato com outros síndicos para
trocar informações envolvendo prevenção e cuidados.

De acordo com o presidente da Associação dos Síndicos de Edifícios Comerciais e
Residenciais do Estado de São Paulo (Assosindicos), Renato Tichauer, a entidade
alerta e orienta os síndicos da importância de estarem sempre alertas nos
cuidados contra o mosquito.

Tema

“Os administradores devem abordar o assunto com o conselho, moradores,
funcionários. O síndico tem de se preocupar com as áreas comuns, com as sacadas
dos apartamentos, as jardineiras, os ralos e grelhas e especialmente com
apartamentos que estão vagos”, diz.

Tichauer alerta para a necessidade de haver drenagem adequada de água das áreas
comuns e dos jardins, bem como para o escoamento apropriado nos ralos.

Outra recomendação dada pelo presidente da Assosindicos é observar a vizinhança.
“É possível subir no muro para ver se há algum foco em algum imóvel vizinho e
assim ajudar a eliminar o mosquito”, diz.

Desde o ano passado, a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e
Condomínios de São Paulo (Aabic) encaminha aos associados uma cartilha de
combate à proliferação do mosquito da dengue.

De acordo com o diretor de condomínios da entidade, Omar Anauate, o documento
está passando por uma revisão por causa das novas doenças que estão surgindo em
decorrência do mosquito e que estão agravando o quadro.

“Mas as dicas continuam as mesmas: cuidados com o lixo acumulado, as plantas dos
jardins, as caixas d’água, lajes, as grelhas para o escoamento adequado da água
e as áreas comuns em geral, mas precisamos alertar também sobre a zika e a
chikungunya”, diz.

Para Secovi, controle deve ser feito o ano inteiro

Para o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato
de Habitação (Secovi-SP), Hubert Gebara, as ações contra a proliferação do
mosquito aedes aegypti para afastar riscos da dengue, zika e chikungunya são
cada vez mais urgentes.

“O combate ao mosquito é realmente muito difícil de fazer. A maioria dos imóveis
tem planta, calhas, caixa d’água, que acumulam água. Por isso, para o combate é
preciso envolver o Secovi, as administradoras de condomínio, os síndicos e os
moradores. A consciência deve ser de toda população.”

O Secovi integra o Comitê de Prevenção à Dengue da Secretaria de Estado da
Saúde, e chama a atenção dos síndicos, administradoras e imobiliárias para que
orientem os profissionais a fim de que eles também fiscalizem os imóveis
fechados durante visitas com interessados em comprar ou locar o local. Gebara
lembra que os criadouros estão no interior de residências e nas áreas comuns.

“O Secovi participa do comitê e divulga as recomendações necessárias na revista
da entidade. Uma das orientações para os administradores é colocar aviso sobre o
cuidado com a dengue nos comunicados e faturas de pagamentos enviadas para os
condôminos”, diz Gebara.

O vice-presidente de condomínios do Secovi-SP enfatiza que compete ao zelador,
gerente, síndico e funcionários do edifício tomar as medidas de prevenção nas
áreas comuns. Ele lembra também que o controle deve ser feito durante todo o ano
e não apenas nos meses mais quentes. “Todos precisam redobrar os cuidados para
evitar focos.”

Combate

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa, por meio da Coordenação de
Vigilância em Saúde (Covisa), que a recomendação para o combate ao aedes aegypti
é a mesma para qualquer imóvel.

Criadouros

“Lembrando que mais de 80% dos criadouros do mosquito estão nos imóveis
residenciais em calhas, pratos que servem de suporte para plantas, vasilhas
usadas para dar águas aos animais, inservíveis amontoados (garrafas pet, pneus,
latas etc), ralos etc.”, diz a nota.

A SMS informa ainda que as Supervisões Técnicas de Saúde (SUVIS) visitam os
locais e, caso os imóveis estejam fechados/desabitados, tomam as medidas
previstas na Lei 16.273/15, artigo 3º item (diz respeito aos imóveis abandonados
ou desabitados).

Fonte: O Estado de São Paulo